domingo, 31 de janeiro de 2016

Paciência

A maior parte das actividades que considero normais em Portugal são exercícios de paciência aqui. Consigo cumprir todas as obrigações biológicas e até alguns caprichos, mas porque desci os meus padrões.

Se quiser trabalhar, por exemplo, o que chega a ser um capricho, tenho de me habituar a demorar quatro horas extra por comparação ao tempo que levo em Portugal. Ontem foi um dia especialmente mau. Aquilo que podia ter feito entre seis e oito horas, talvez menos, demorou umas 14. Sem exageros.

Porque aqui tenho de demorar mais tempo em coisas como o trabalho, tenho de me contentar com refeições simples e rápidas (para os critérios daqui), porque aqui não há produtos como feijão enlatado ou legumes já lavados e cortados, e também com o minha mãe cozinha, coisa a que já me tinha desabituado.

Por demorar mais tempo entre trabalho e actividades mais rotineiras, não sobra muito mais tempo. Por vezes sacrifico trabalho em prol da caminhada diária. Por vezes demoro mesmo uma semana (tempo limite da biblioteca) a ler um livro, apesar de poder lê-lo em três ou quatro dias noutras circunstâncias.

Às vezes tenho de respirar fundo quando estou a trabalhar online e a internet falha ou a luz se eclipsa. Às vezes tenho de respirar muito fundo quando não houve tempo para uploads e gravações e as coisas perdem-se no vácuo digital. Já contei até 10 muitas vezes e vou ter que continuar a contar.

Vanessa

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