segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Ghostbusters 2016 e a jogada suja da Sony Pictures



O filme Caça-Fantasmas ou Ghostbusters de 2016, realizado por Paul Feig, é uma mistura de remake e reboot do êxito de bilheteiras da década de 80 do século passado com quatro mulheres como protagonistas numa altura em que remakes e reboots estão na moda e o feminismo e o anti-feminismo também. 

Começo por dizer que o filme é mauzinho. Atenção que o digo sem reservas. A qualidade de um filme não se mede apenas pelo elenco e desgostar de um filme com tantas mulheres não quer dizer que seja uma pessoa misógina. Eu até sou mulher. O filme é mauzinho e pronto. Confesso que foi melhor do que pensei que seria, mas não deixou de ser uma desilusão. Faltou-lhe muitas coisinhas para ser bom.

A maioria das piadas não teve piada. Os homens deste filme são a) burros que dói; b) arrogantes; c) burros e arrogantes. As mulheres são meras caricaturas. Há a cientista de física quântica (que nunca comprovou as suas habilidades) peculiar e púdica; há a cientista louca que constrói armas mortíferas; há a cientista gordinha que nunca fez nada de especial mas bem-humorada; há a negra que parece um estereótipo.

Há cenas de outros trailer que não apareceram no filme. Há piadas demasiado fáceis e humor físico que chega a cansar. Sim, já sabemos, os fantasmas deitam gosma. Sim, já percebemos, o vosso recepcionasta é tão atraente quanto burro. Há também pequenos críticas à sociedade. Por exemplo, o preço das rendas das casas. SPOILER. Não deixa de ser estúpido que um grupo de cientistas depois decida usar dinheiro público para alugar um edifício de que gostaram muito. "Ah, isto é muito caro. Mas se forem os outros a pagar, está bem."

Os efeitos especiais, para um filme de 2016, deixaram a desejar. Percebo que talvez tenham tentado imitar os filmes originais, com espíritos feitos de ectoplasma e cores fluorescentes. Contudo, o principal problema deste filme é guiar-se pelo original em vez de ser... original. Se o filme se tivesse separado dos anteriores e criado um enredo inédito, com uma visão fresca, teria sido bem melhor. Agora assim, foi apenas mais um falhanço.

Não há qualquer reconhecimento pelos eventos dos filmes anteriores, mas há cenas (e aparições) que são certamente homenagens aos Caça-Fantasmas e chegam a copiar elementos, inclusivamente o logótipo do original. Daí que tenha apelidado o filme de remake (filme refeito) e reboot (estória original recomeçada).

O trailer que coloquei aqui teve uma quantidade recorde de desgostos (mais de um milhão) e comentários negativos, alguns dos quais alegadamente apagados pela Sony. Numa manobra de marketing sem precedentes, o filme foi caracterizado como feminista nos meios de comunicação social.

Pegando nalguns dos comentários negativos de fãs dos originais, a Sony Pictures alegadamente fez crer que foi o facto de as protagonistas serem mulheres que originou o negativismo. Não sei como, vários meios de comunicação foram por aí. Por exemplo, o Washington Post: People hate the ‘Ghostbusters’ trailer, and yes, it’s because it stars women (diz o título, As pessoas odeiam o trailer de Ghostbusters e sim, é porque é protagonizado por mulheres), e o Metro britânico: Why does the internet hate the new all-female Ghostbusters? (diz o título, Por que razão a internet detesta o novo e todo feminino Ghostbusters?). Há imensos outros exemplos.

É uma jogada suja para arrecadar lucros de bilheteira com mais um dos remakes, coisa que está tão na moda fazer. Vários outros meios de comunicação apelaram a que se fosse ver o filme como forma de defender a imagem das mulheres e lutar contra o sexismo. Está mais do que claro que o objectivo das produtoras de cinema é fazer render. A maioria dos remakes são preguiçosos e só conseguem fazer que com que voltemos a adorar os originais. Este é um exemplo disso. Mas não é por ser protagonizado por mulheres.


Vanessa

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