quarta-feira, 26 de julho de 2017

Aos avós

Os avós sempre foram para mim míticas criaturas sobre as quais fui ouvindo falar ou sobre as quais li, mas que raramente testemunhei. Sei que os avós são aqueles anciãos que raramente estão a par de como o dinheiro funciona e que por isso oferecem notas para comprar um geladinho, ou que acham que o tempo está sempre mais frio do que realmente está e que por isso aconselham agasalho, que se preocupam constantemente e que por isso admoestam juízo. Por vezes, os seus apelidos são acompanhados de um inho ou uma inha e passam a ser o avôzinho ou a avózinha porque só avô ou só avó não alcançam significado carinhoso suficiente.

O dia dos avós sempre me passou ao lado porque quase não conheci os meus e a avó paterna, a única que sobrevive à idade, está num fuso horário totalmente diferente. Agora com as redes sociais vejo os avós dos amigos e as suas dedicatórias. Tive oportunidade de conhecer os avós de alguns amigos, que me adoptaram temporariamente como neta honorária quando ia às suas casas. Mas em grande parte vivi e vivo em grande parte vicariamente a tradição dos avós, míticas criaturas generosas, experientes e preocupadas.

Tenho também memória de fábulas, como aquela em que a avózinha foi engolida por um lobo mau e sobreviveu, ou livros, como aquele em que a Anita vai de férias com os avós, ou filmes como a Heidi. Ainda assim, os avós são para mim mais do que ficção, mas não deixam de ser criaturas míticas com um dia que lhes é dedicado precisamente por o serem. E eu, que já conheci vários avós, valorizo este dia, porque eles merecem.

Vanessa

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