terça-feira, 11 de julho de 2017

Descubra aqui como transcrever manuscritos de borla e possivelmente ajudar a trazer o fim do mundo

A Biblioteca Newberry em Chicago, nos Estados Unidas, convoca voluntários com jeito para a transcrição de documentos em inglês e latim para que ajudem a tornar acessíveis manuscritos vários, incluindo livros com textos sobre magia, bruxaria, encantação e conjuração de espíritos. Mais informações no site oficial.

Este tipo de transcrição é voluntária. É também uma forma de criar uma interacção especial entre o público e estas raras peças. Muito pessoal de meados do século 15 não queria saber da produção em massa de livros através da tipografia, e manteve viva a cultura do manuscrito, razão pela qual agora os voluntários terão de invocar o seu lado filantropo para ajudarem nesta saga. Por outro lado, coitados, esta era uma forma de não atraírem a atenção da igreja e conseguirem disseminar variantes menos prezadas da religião.

A colecção Newberry conta com o manuscrito Book of Magical Charms, um manuscrito comum (era prática na altura reunir todos os interesses num caderno, e este em especial inclui assuntos do oculto) e Cases of Conscience Concerning Evil Spirits, da autoria do Puritano Increase Mather. As transcrições serão revistas por especialistas. O intuito é deixar os livros acessíveis na internet e na própria biblioteca.

Claro que parte de mim adora a ideia. A outra parte está claramente preocupada com toda esta acessibilidade a textos com o potencial de nos fazerem ter de chamar os Caça-Fantasmas (que ainda por cima agora são mulheres). A linha que separa a convocação de espíritos e a convocação de demónios é tão ténue quanto a que separa o mundo dos vivos do dos mortos. Outro problema é estes manuscritos lidarem com coisas que se calhar são invisíveis, por isso podemos não ter noção do estrago que estamos a fazer até ser tarde.

Esperemos que os demónios do passado permaneçam no passado. Já nos chega os que temos hoje. Mas bom, se o mundo tiver que acabar, que seja com magia, não é? Accio.

Vanessa

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