quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Coisas que não mudam

No final de 2014, a campanha do Euromilhões tinha como slogan, "Há coisas que não vão mudar". Mas a memória colectiva frequentemente transforma o slogan em, "Há coisas que nunca mudam". O ano passado, em Agosto, publicava eu um poema de rimas absurdas a sumarizar a questão dos incêndios, intitulado Somatório Escaldado. E agora, um ano passado, um pouco mais tarde, voltamos ao tema pelas piores razões.

O ciclo parece-me o mesmo todos os anos. Há incêndios, perde-se património nacional e pessoal, perdem-se vidas. E depois perde-se tempo, de cabeça quente, com a questão das culpas e uma lista de necessidades para que a situação não se repita. Entretanto, parece que nos perdemos no tempo e no espaço quando estão os ânimos em fase de rescaldo. E damos por nós no ano seguinte com mais incêndios e depois mais culpas, e nada.

Comecei por escrever sobre uma campanha publicitária apenas para questionar de forma retórica se nos ficamos com um "há coisas que nunca mudam" ou um "há coisas que não vão mudar". Ou se passamos ao slogan da Nike e para o ano conseguimos preservar e reproduzir a riqueza que sobrou após anos de incêndios.

Lembro-me agora de uma frase de Tarun Sarathe, frequentemente usada em imagens, sem alusão à autoria, e que em forma de ironia ou sátira resume a chave do nosso problema: "Imagine if trees gave off WiFi signals. We would be planting so many trees and we'd probably save the planet too. Too bad they only produce the oxygen we breathe." Tradução: "Imagine-se que as árvores emitiam sinais WiFi. Plantaríamos tantas árvores e provavelmente também salvaríamos o planet. É pena que elas apenas produzam o oxigénio que respiramos."

Vanessa

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