segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A verdade ainda está lá fora

Lembro-me de ter uns 10 anos e de ficar colada ao ecrã da televisão quando a TVI transmitia os Ficheiros Secretos (X-Files no original). Não me lembro de nenhum episódio específico. Apenas me recordo de ver Dana Scully e Fox Mulder em cenários escuros com uma música sinistra no fundo, e disso ficaram as sensações que a série transmitia às segundas-feiras à noite com enredos que envolviam o paranormal e o sobrenatural.

Havia tanto no mundo que desconhecia nessa altura, e ainda hoje. Tenho visto os Ficheiros Secretos desde o início há cerca de um mês. Vou na segunda de dez temporadas, e de vez em quando há cenas que me lembro de ter visto. A maior parte dos temas não me são desconhecidos, porque desde essa altura que me fascinam todas as áreas do oculto, provavelmente devido à influência que a série teve em mim desde criança.

Muitas das teorias da conspiração que guiavam Fox Mulder são agora comprovadas ou pelo menos verificadas. Ficheiros Secretos levava essas teorias ao extremo, mas até ao momento apenas coisas como os monstros, as mutações, e as bactérias milenares soterradas no solo ou no gelo parecem ser mera ficção. 

Fiquei especialmente fascinada com o episódio 21 da primeira temporada quando Scully e Mulder usam um software para reproduzir em 3D dentadas encontradas numa cena de crime de forma a comprovar o culpado, tema que sobre o qual o programa Last Week Tonight se debruçou num episódio recente sobre ciência forense e concluiu ser insuficiente para nos Estados Unidos condenar alguém, mas que é usado na mesma.

Mais ainda, fiquei impressionada com o episódio 10 da segunda temporada, onde a teoria da conspiração do episódio tinha que ver com as hormonas injectadas em vacas e os consequentes efeitos nos humanos, e o episódio envolvia uma seita de veganos. A teoria continua a ser conspiração, mas agora sabemos que o que é injectado nos animais antes do matadouro também tem consequências para a saúde dos humanos.

A cada episódio fico fascinada com o facto de não me lembrar de nada muito específico, pois na memória tenho apenas algumas cenas e sensações de curiosidade (muitas vezes mórbida), mal-estar, perplexidade, mas também com o facto de as minhas horas vagas serem passadas debruçada sobre tópicos semelhantes, às vezes os mesmos, 23 anos passados desde que a primeira temporada passou na televisão portuguesa.

O spot publicitário que a TVI passava usava a frase "A verdade está lá fora" e "Quero acreditar", muito usadas ao longo da série como ímpeto para avançar, e a verdade ainda, está de facto, lá fora, misturada com teorias da conspiração e campanhas de desinformação, e Mulder seria tão feliz com as descobertas que já se fizeram, com os novos casos que a internet propaga, com as conspirações recentes, e com as novas tecnologias.

Vanessa

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