sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Poderão vir aí dias difíceis para o cinema

Steven Spielberg previu em 2013 que poderíamos presenciar uma implosão da indústria do cinema se muitas produções milionárias fossem um fisco nas bilheteiras. Nos cinemas americanos, o preço dos bilhetes duplicou entre 1995 e 2015, e por isso já não há tanta audiência. Ainda assim, nunca houve tantas exibições de longas-metragens que  custaram milhões a ser produzidas. Também nunca houve tantos fracassos de bilheteiras.

A crer nas notícias, 2018 vai ser um ano fantástico e ao mesmo tempo terrível para os fãs de filmes. Estão previstos 40 grandes produções para esse ano com quase 20 a serem lançadas no espaço de uma semana. Avengers: Infinity War, Pacific Rim 2, Toy Story 4, Deadpool 2, Black Panther, The Flash, Jurassic World 2, Tomb Raider, Alita: Fantastic Beasts And Where To Find Them 2, Maze Runner: The Death Cure são só alguns dos filmes a estrear em 2018. AInda vamos a tempo para juntar fundos para todos eles, mas...

Nunca o cenário traçado por Spielberg esteve tão perto de acontecer. É caso para perguntar se as produtores de cinema andam loucas. Por mais que se estejam a virar para outros mercados, especialmente o asiático, onde a classe média está em expansão, os mais recentes filmes que não se deram lá muito bem nos cinemas mostram que não é possível agradar à audiência do mundo inteiro. Os filmes andam cada vez mais explosivos, cheios de efeitos especiais e com diálogos aborrecidos, simplórios e feitos a partir da mesma receita de sempre.

É óbvio que filmes americanos que queiram agradar outras audiências têm de puxar a complexidade do diálogo para os efeitos especiais e para as tiradas básicas, caso contrário correm o risco de que públicos não nativos não compreendam totalmente o enredo. A meu ver, é esse um dos aspectos que tem desanimado o público nativo e até o português, que nós cá somos bons faladores da língua inglesa e temos bons tradutores e legendadores.

A meu ver, as produtores norte-americanas de cinema estão em modo de auto-sabotagem. Sou consumidora frequente da sétima arte em língua inglesa, mas também eu estou em modo de sabotagem. Por exemplo, tenho-me recusado a ver últimas partes de trilogias se elas são transformadas em quadrologias e não tenho pudor em recusar-me a ver sequelas e precedentes se as produtoras decidem cortar na qualidade.

A continuar assim, vou ignorar muitos dos filmes que vão sair em 2018. Aliás, sou capaz de não ir vê-los ao cinema. Posso ser a única, mas ao menos não vou ficar muito mais pobre.

Vanessa

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